segunda-feira, 8 de agosto de 2011

As Chuvas que o Tempo Traz


            Nunca chorei por estar amando um homem. Estou agora como o tempo, chuvoso, fechado e molhado. A cada intervalo a chuva cai molhando os jardins, as casas e as ruas. Na noite anterior, o céu aberto, estrelas formando grupos de constelações, Júpiter bem visível. Caminhávamos pela praça naquela noite sem ventos. O tempo revelava meus sentimentos, a cada passo constatando meu amor que estava nascendo, a cada palavra que era pronunciada por ele, uma resposta minha adquiria. A noite foi tão bela, como meu amor foi tão forte. Caminhávamos num tempo limitado, tínhamos poucas horas para nos conhecermos melhor. Seu olhar, seus risos me reativaram um sentimento que há um tempo temo, Amar, mas principalmente amar e não ser correspondido. Essa noite foi tão reveladora dos meus sentimentos, pois soube amar um homem pela primeira vez. Gostaria que nesse dia o tempo parasse, não queria me despedir dele de forma tão rápida. O dia em si foi muito revelador pra mim, pude pela primeira vez me reconhecer, olhar a minha face oculta, expor meus desejos. O tempo estava a meu favor, tudo e todas as coisas que havia feito naquele dia se encaixavam mutuamente. Seja alguns contos que estava lendo do Caio Fernando Abreu, como também letras de músicas que me despertaram a ansiedade de conhecer aquele homem. Houve imprevistos e desencontros, mas mesmo assim o tempo estava à nosso favor, por fim nos encontramos um ao outro. Mas infelizmente minha história não teve um final feliz como aquelas do Caio Fernando Abreu. Após a despedida fomos para casa, ele pra sua, eu pra minha. Em cada hora, minuto e segundo pensava nele, estava cego do amor. Porém, durante a noite em casa, comecei a entrar numa espécie de pavor, misturada em forma de saudade. Veio de súbito um desejo de chorar, não sei se foi a chuva que estava começando a cair nessas horas, ou foi meu subconsciente que estava apontando um final diferente daqueles contos que havia lido. Comecei a chorar, a chuva começou a cair, mais uma vez o tempo revelando meus sentimentos. Queria dormir e esquecer tudo, mas não conseguia, da mesma forma que o tempo era meu amigo, agora ele era meu adversário. Ele revelava o que não queria ver. Gostaria de permanecer naquela noite sem ventos, mas não foi possível, uma hora tudo acaba.
            Até agora não tive sorte com o amor, sei que ainda sou novo, tenho 20 anos, mas sei que esse sentimento está me corroendo, de tal forma que perco cada vez mais as esperanças. Claro que cedo ou mais tarde poderei conhecer alguém que me complete, mas por que não agora? Por que esperar pelo tempo? Esperar pelo tempo é sarar suas feridas e, não conhecer outra pessoa que possa amá-lo como amou. Cada vez mais tenho medo de amar, é tão ruim esse sentimento. Pode variar de pessoa à pessoa, alguns entram em depressão, outros perdem a fome (meu caso). De que adianta ter estudos, ser inteligente, como fui apontado e, não poder ser amado? É lamentável gostar de alguém que não gostou com a mesma intensidade. O tempo me pregou uma peça, me manipulou e estar agora me atormentando. Choro a cada intervalo. Espero que isso passe rápido, não agüento mais esse sentimento. Sou muito fechado, não tenho nenhum amigo que possa me confortá-lo, estou precisando de alguém para me desabafar. Por isso estou escrevendo, assim amenizo a dor que estou sentindo, mas não é o suficiente, quero falar com alguém, mas não consigo e, isso faz de mim agora uma pessoa que quer se isolar, se reprimir e perder a sua auto-estima.
            O tempo irá curar, mas vai amputar mais um pedaço dos meus sentimentos. Cada lágrima escorrida é uma porcentagem do amor que estar sendo desperdiçado. Não irei guardá-las, mas elas serão misturadas com a chuva que vai caindo nessa tarde de São Paulo do dia 06 de novembro de 2010. Será que para cada gota d`água desta chuva há uma pequena fração de lágrimas de outras pessoas? Então a gente pode ver esse sentimento caindo nas casas, nas ruas, nos automóveis, ouvindo seus barulhos no interior de cada objeto sólido. Como é bom e ruim amar, e como é desprezível ter um final que não planejou, que não foi da forma que sonhava ou que pensava viver uma realidade plausível. Não houve química entre a gente, não teve um gostar de homem pra homem. Tudo bem se o fator determinante foi a idade, mas não via problema algum nisso. Gostei de você foi pela sua experiência, sua vivência, não importava a diferença das idades. Estava predestinado a abrir mão de algumas coisas para ficar com você, viveria a mesma vida que estou vivendo, mas com acréscimo de uma pessoa. Quando juntos, somos mais forte que o tempo, não cairemos nas suas peças. Separados, o tempo é traíra, tende a menosprezar, a se rebaixar, e sentir-se mau. Enfim, esta foi a minha história de amor, nada fantasiado e inventado, claro que me utilizei de metáforas para explicar meus sentimentos, mas foi dessa forma que encontrei para me safar, me esquivar desses bons e maus tempos.

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