sábado, 14 de dezembro de 2013

Psicofagia

Numa madrugada de fim de primavera,
Saltei do sonho feito uma holografia,
Vi Clarice Lispector descer a minha rua,
Veio no Grajaú metamorfoseada num monstruoso inseto.
Nos seus passos bêbados de anjo torto desses que vivem na cabeça disse:
- No meio do caminho virei uma barata.
- Vai Claude ser poefísico na vida.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandou, Mande lá

Mandou
Mande lá

Um líder morre.
Deixa para sempre suas rosas fundidas.
No barro e no asfalto, seus passos foram cravados.
Sua morte é mero destino de todos.
É o momento exato da retrospectiva de um revolucionário.
Da conscientização de classes.
Da dimensão de seu alcance.
Um líder morre.
Mas deixa fluir nas veias de seus filhos,
Nas febres noturnas de seus doentes,
Nas dores pálidas de muitos irmãos,
A paz, a solidariedade, e acima de tudo a humanidade,
Digna de respeito,
Da diversidade,
Da cultura.
Foi-se um líder levando sua trajetória como pétalas ao vento.
E deixando um século de fragmentos do seu ser.
A sua lápide é o olhar de uma África humanista e cansada da exploração.
Foi lá que Deus começou a morrer, e não fazer mais sentido.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Voz da Bethania

O som vibra na melodiosa harmonia,
E chama a deusa num ritualístico grito sonoro.
As chamas acendem,       
As luzes na platéia se apagam,
Os brilhos nos olhares se contentam,
O ouvido timbra feito um bumbo,
Ao som ecoante que permeiam nossas almas.
E que as fazem eriçar os pelos,
E acelera o pulsar do coração.

Ela entra no palco,
A sua luz sublime irradia,
O seu canto chega em cada instante.
Como o amor a cintilar de sintomas.

Ela é uma deusa grega,
Por que razão não seria?
Filha de Afrodite e Gaia,
Sobrinha de Cronos,
Que só a ele e a ela, o tempo precede a humanidade.

Sua voz despe o nosso ser,
E registra como num diário o eterno divino,
Que na hora da nossa morte seu canto é nossa reza,
Sua voz é nossa lápide,
E seu silencio é nossa solidão.

Ela evoca os espíritos dos orixás,
Dos oásis egípcios,
Das catacumbas gregas,
Dos grandes samurais.

Sua voz é universal,
De extremo oriente, a extremo ocidente,
Seu canto é sobre as águas,
O seu amor é divino e natural.


Ela é a alma de todos os tempos,
A essência do deus cristão,
A mulher budista,
A Cleópatra
A rainha do gingar da capoeira,
O recôncavo baiano.

Sua voz é como um sonho acordado,
Que as deixam hipnotizar através das cordas vocais.





terça-feira, 16 de julho de 2013

Ojos del Salar

NOS ESPELHOS D'ÁGUA EM OJOS DEL SALAR
ESTAVA MEUS CORAÇOES A BALAR
SOBRE A IMENSIDAO DA NATUREZA
A MINHA MENTE POUSA E REZA

DAS ÁGUAS SALINAS, O CORPO FLUTUA
E DA VASTIDAO DO CÉU O CONHECIMENTO ATUA
FEITO IMAGEM COTIDIANA DE SONHO
O MEU AMOR ME PROPORCIONOU UM GANHO
DE UMA VIDA SEM MUITAS DIMENSOES
REVELOU UM SISTEMA REPLETO DE FUNÇOES
FEITO MONTANHAS, MEUS OLHOS GANHARAM CAMADAS
DE TODA GENTE ATACAMENHA E CAMARADAS

DOS FUNDOS DOS TERRENOS
MUITOS CORACOES BROTAVAM FINOS E SERENOS
TAL QUAL UM GEISER VAPORIZANTE
A ALMA BRAnDOU FUMEGANTE:

como é bom amar da mesma forma que é lida a natureza

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Amor de físico projeta imagens


Onde ensina,
Onde ouve,
Onde ver as cores de Newton.
Newton, o enamorado,
O geminiano.
Meu ascendente,
Meu compassado tempo de viver.
Dentro da óptica livre,
Minha alma refletida,
Sua alma incidente,
Absorve o seu ser despido,
Em nosso universo refratado.
Meu amor,
Nosso amor,
Seu grande amor.
Da simetria geométrica,
À anti-simetria que nos distrai.
Do amor reversível da luz,
Ao tempo irreversível de nós dois.
O espelho é a nossa lápide,
O seu sexo reflete o meu.
Tua natureza é invertida a minha,
Você é minha imagem real,
Eu, o seu objeto virtual.
Juntos, somos matéria.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Último que Soube foi meu Pai

O último que soube foi meu Pai. Os demais saberão por bocas, fofocas, e hipóteses. O primeiro fui eu, na verdade já sabia, mas não me esforçava a acreditar que as coisas eram assim. Nadar contra a correnteza, não é fácil. É entregar-se a sermões silenciosos, e confusos. É ser submetido a séries de terapias espirituais, sociais e familiares. O peso da palavra “contei”, vou “contar” ou quaisquer das outras variações é evolutiva. Tantas vezes rasas por contar, que acabou se dissolvendo, e fortalecendo morais sólidas. O que esperar da reação? A suposta cara, o suposto choque, o respirar silencioso, como se alguém tivesse morrido. Esse é o peso que é carregado por gerações, como sedimentos. É o peso do fundamentalismo, da pseudociência, de ser olhado como diferente, como fossemos contagiosos, e patológicos desequilibrados da ordem cristã, judaica e islâmica, entre outras. Digerir as informações do verbo contar, ou melhor, ouvir as informações que partem de uma ação, que é contar ao outro, que ouve, não é fácil. Pois bem, o último que soube foi meu Pai. Os demais saberão com o tempo. Fofocas familiares correm à solta, fulano, sicrano, e beltrano farão parte da dilatação da informação. As hipóteses serão julgadas pelas amizades, músicas ouvidas, e redes sociais. É difícil crescer numa sociedade, e ser colocado numa ordem determinada que as políticas doutrinadas julgam-se através de valores éticos e morais, mesmo criando uma identidade para pertencer a um determinado grupo. O que aprendemos hoje, é que não há padrões nas naturezas humanas. Evoluímos racionalmente na história, e é justamente isso que nos torna inclassificáveis. Será que o período que vivemos atualmente é tão insolúvel? Na arte, nas ciências naturais e na mente humana. A humanidade caminha, e vetores humanos querem barrar, criar uma resistência. Mas mesmo assim, caminha. Com muito sangue, e muita morte, novamente veremos algum dia o monólito de “2001: uma odisséia no espaço”. Aquele que apareceu na frança em 1779 lembra? E que pisou na Lua em 1969 lembra? A humanidade caminha para a real aceitação da liberdade de expressão. Os vilões desta história querem resistir com os seus livros teológicos. Morte ao Deus-Homem. Só assim, quem sabe, as mortes por padrões sociais serão aniquiladas.

Podendo pensar na globalização como meio de unificação das relações humanas, pois vejo que ela também nos possibilitará conhecer outras culturas, e assim, refletir os valores éticos e morais que varia de região em região. Chegando a conclusão de quantas verdades absolutas existem, e quantos sangues derramados por maneiras banais foram desperdiçados ao longo da história humana. E que infelizmente isso de certa forma contribuiu para nossa evolução racional. E com essa análise, não podemos cometer os mesmo erros já cometidos tantas vezes nas nossas vidas. Não podemos regredir racionalmente. Acima de tudo, o que contamos nada mais é que sentimentos, anseios, desejos e alívios de não mais poder suportar esse peso. O último que soube foi meu Pai. Pois é, geração não-acostumada, despreparada, e alienadas socialmente, e religiosamente, fazem aquela cara de pavor. A primeira coisa que veio em mente foi um cientista da idade média falando que a Terra não é o centro do universo, e as pessoas ao redor chamando-o de herege, e crucificando-o na fogueira. Hoje esse exemplo é banal, mas por esse e único motivo, muitos morreram. Dizer que é gay, é o mesmo que dizer que a Terra não é o centro do universo. Dizer que é uma mulher, é o mesmo que dizer que o Sol é uma, entre bilhares de outras estrelas. A humanidade hoje, em analogia a da idade média é a mesma nas questões de identidade. E esse é o próximo passo para caminharmos nesse tempo prigoginiano.

 Hudinilson Jr.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Tratamentos para doentes

Cura Gay?
Parece que a bancada evangélica é a favor!
Estuprar lésbica?
Parece que fundamentalistas são a favor!
Estou sendo extremista?
Estou sendo agressivo?
Parece que muitos psicólogos irão vender esta ideia.
Dar dinheiro, não é?
Somos humanos, não somos?
Toma o leite divino que cura!
Ah, este pastor não me representa!
Ah, a minha igreja não apoia esta ideia!
Na verdade, não concordamos.
Você que escolheu ser bicha, não é?
O Brasil não tá preparado para aceitar 'homossexualismo'!
"Mas sendo sincero, tem muitos homossexuais que tem preconceito!
Outro dia, estava com um amigo que é gay.
E ele começou a falar mal dos héteros!"
Me senti, oh meu Deus, não sei explicar!
Mas não sou nada contra à você!
Você me conhece, sabe que falo com todo mundo!
A gente tem que respeitar todos!
Jesus Cristo, respeitou todos!
Respeitou até uma mulher! um cavalo, e uma barata!
Por que não respeitaria os homossexuais?



terça-feira, 9 de abril de 2013

Improvável!?



Pois é, encontrar com um Físico do primeiro ano, que mora um ponto antes da sua casa, é sem dúvidas como dizia Douglas Adams, um caso de Probabilidade Infinita. Ainda mais, do diurno, sendo eu do noturno. E para completar, estava lendo IlyaPrigogine, um dos grandes cientistas que tratam da física do não-equilíbrio da atualidade (pena que este morreu em 2003), isto é, de sistemas complexos. Onde ele prega o fim do determinismo cientifico, e da era do fim das certezas. Aí, veio na cabeça a ideia de Leibniz, físico, matemático do século XVII que era totalmente determinista (apesar de ter contribuído junto com Isaac Newton, nas "novas matemáticas"), com a sua teoria do monadismo, onde num determinado momento, os caminhos que ligam as pessoas e toda a natureza iriam se cruzar. É, entrei e vivenciei uma situação adequada para ler e entender as ideias de Prigogine, onde há uma série de fatores estatísticos, e não determinísticos. *Enfim, a resposta é 42*

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

VIII - XXIII Poefísica de Amor


Nossas almas são campos neste universo
Somos a unificação do elétrico com magnético
Um existe para que o outro possa existir
Propagamos no vasto vazio
Da permissividade elétrica à permeabilidade magnética
Desta relação surge a Luz
Das simetrias vista por Maxwell
As quatro equações descrevem

Elas são belas se olhar a essência
Assim como o amor que é irracional equacionar
Da relação eletromagnética têm-se duas naturezas
Eu e você

A ciência avança. O próximo passo são as quatro forças
A história demonstra, ela conta. Explica a evolução
É construída cheia de música, poesia e lirismo
Nunca acaba só somam experiências
O mesmo diria para o amor
Construímos juntos os constituintes do universo
Cada elemento, cada cor, cada palavra e seus gestos
Mergulhamos um ao campo energético do outro
Sofremos influências, interferências e leves perturbações
Mas continuamos a segui a trajetória
Como dois feixes de luz a cruzarem caminhos.
Somos exatamente a intersecção
Do verde e vermelho, tornamos amarelo
Da mistura de nossas almas somos a cor composta

Hoje preciso do seu amor
A luz precisa da eletricidade
Este poema lido na Web precisa do magnetismo
Criamos uma dependência, um ciclo vicioso
Amanha seremos as quatro forças
Toda a natureza quântica gravitacional unificada
E quando morrermos não deixaremos de existir
Apenas tornaremos almas num referencial relativístico 

VII - XXIII Poefísica de Amor

O carnaval e suas múltiplas cores
No bloco do samba, e nas alas da vida
As cores são como memórias breves
Do dia que irá se encerrar numa quarta-feira
Tornando cinza no intermédio de todas as cores à ausência.

Se o nosso amor é como o arco íris
E o arco íris é a decomposição das cores
O nosso bloco é um prisma
Nosso trajeto é um arco
Nossas cores é um desvio sideral
E cada dia da semana somos um poente
Um espectro do visível, uma luz laser.

Nos lança-perfumes sobem odores
Em passos aglomerados, calores humanos
Nas fantasias Newton surge no imaginário
Das suas cores irradia fenômenos
E todo o povo começa a cantar e urgir
E eu a sonhar, e inventar poesia:

Fevereiro é o verde dos teus olhos
É a sépia que me faz sentir
Amor do vermelho ao violeta

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

IV - XXIII Poefísica de Amor

Sou a onda e você a freqüência
No vai e vem
Ora sou mais você
E você mais eu
Oscilamos no tempo e espaço
Num movimento pendular
Na corda de um violão
Fazemos a nossa música
Sou o agudo, você o grave
Somos contrastes
Preto com branco
Verde com vermelho
Concreto e abstrato
Na dança cósmica
Somos Rádio
Sou onda curta
E onda longa
Você, Mega Hertz
Giga Hertz
Na dança hipersônica
Somos microondas
Sou radar
Você, Tera Hertz
Na dança latente
Somos infravermelhos
Sou o seu amor
Você o meu calor
Somos o infinito que se propaga
Eu o elétrico, você o magnético
Viajamos na velocidade da luz
Prolongamos o tempo
Encurtamos o espaço
E ao tocar os seus lábios
Já não se sabe mais o que fui

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

I - XXIII Poefísica de Amor

Quando olhei nos espelhos dos teus olhos
Via um humano apaixonado
Como um pássaro a lançar o seu primeiro vôo
Como um casulo a desvendar o seu mistério
Seus olhos são como auroras
Cujas intensidades revelavam mundos
A construir harmoniosamente o meu ser
Refletia menor na sua grandeza
Num tom sépia verde
Como um filtro a captar a essência
Ou uma música que pinta a alma
Dentro dos teus olhos saíam raios de luz
Nos recôncavos convexos
Ouviam-se cantos
Moldavam-se palavras
Num simples gesto que lembravam a Pina.