quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Mensagem de fim de ano

Engraçado, esse é o segundo ano que termino lendo Caio Fernando Abreu (agora também lendo a Hilda Hilst). E ontem, lendo Fragmentos, uma frase dele me despertou um grande conforto:


"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o que, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza, não tem jeito, companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca tivemos um mapa algum, ninguém dá mais carona e a noite já vem chegando."

É Caio F, o que seria se eu não lesse nada seu? rsrsrs. Sem dúvidas você está entre os meus mais queridos de tudo que até agora conheci na literatura. O ano de 2012 está chegando e acima de tudo desejo a todos...

"Que Seja Doce" 



E aos meus amigos que ficaram marcados e conviveram comigo esse ano inteirinho, Fernanda Nunes, Paulos Araujo, Karina Flores Sampaio, Marta Rodriguês, Cris Moreira e tantos outros! "We Are The Champions My Friends" Beijos à todos, a todos, a todos.

Atenciosamente, Claudemir B.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Correspondências de fim de ano





Conheci a Hilda Hilst lendo Caio Fernando Abreu. Ontem terminei de ler o primeiro livro dela que tive a coragem de me aventurar na sua literatura, O Caderno Rosa de Lori Lamby. Haja fôlego para ler, pelo menos esse livro. Conteúdo denso, e te grande teor obsceno. Mas muito bom!!! Em baixo segue a carta que havia lido, e me interessado pela Hilda. O mais incrível é que ele fala da Clarice Lispector que amo-a também. Tive orgasmos literários hoje! e olhando videos no you tube, como não bastasse encontro o Zeca Baleiro e a Zélia Duncan falando da mesma!

Carta - 1970

"Hildinha, a carta para você já estava escrita, mas aconteceu agora de noite um negócio tão genial que vou escrever mais um pouco. Depois que escrevi para você fui ler o jornal de hoje: havia uma notícia dizendo que Clarice Lispector estaria autografando seus livros numa televisão, à noite. Jantei e saí ventando. Cheguei lá timidíssimo, lógico. Vi uma mulher linda e estranhíssima num canto, toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, absolutamente incrível. Era ela. Me aproximei, dei os livros para ela autografar e entreguei o meu Inventário. Ia saindo quando um dos escritores vagamente bichona que paparicava em torno dela inventou de me conhecer e apresentar. Ela sorriu novamente e eu fiquei por ali olhando. De repente fiquei supernervoso e sai para o corredor. Ia indo embora quando (veja que GLÓRIA) ela saiu na porta e me chamou: - “Fica comigo.” Fiquei. Conversamos um pouco. De repente ela me olhou e disse que me achava muito bonito, parecido com Cristo. Tive 33 orgasmos consecutivos. Depois falamos sobre Nélida (que está nos States) e você. Falei que havia recebido teu livro hoje, e ela disse que tinha muita vontade de ler, porque a Nélida havia falado entusiasticamente sobre Lázaro. Aí, como eu tinha aquele outro exemplar que você me mandou na bolsa, resolvi dar a ela. Disse que vai ler com carinho. Por fim me deu o endereço e telefone dela no Rio, pedindo que eu a procurasse agora quando for. Saí de lá meio bobo com tudo, ainda estou numa espécie de transe, acho que nem vou conseguir dormir. Ela é demais estranha. Sua mão direita está toda queimada, ficaram apenas dois pedaços do médio e do indicador, os outros não têm unhas. Uma coisa dolorosa. Tem manchas de queimadura por todo o corpo, menos no rosto, onde fez plástica. Perdeu todo o cabelo no incêndio: usa uma peruca de um loiro escuro. Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto. Acho que mesmo que ela não fosse Clarice Lispector eu sentiria a mesma coisa. Por incrível que pareça, voltei de lá com febre e taquicardia. Vê que estranho. Sinto que as coisas vão mudar radicalmente para mim – teu livro e Clarice Lispector num mesmo dia são, fora de dúvida, um presságio. Fico por aqui, já é muito tarde. Um grande beijo do teu"

Caio F.
 
 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Nossos Olhos vêem!!!
























São Cores do Arco-Íris, 
São Cores do Espectro Eletromagnético da Luz no Vísivel,
 São Cores de Álmodòvar

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Olhos e Insetos


Poema Antropófago


Fragmentar-se em mil pedaços
Metamorfosear-se em Clarice Lispector
Sofrer a Paixão Segundo G H em Franz Kafka
Ensaiar a Lucidez por Caio Fernando Abreu
Contar uma História de Borboleta sendo José Saramago
Ser Pessoa em Mário de Sá-Carneiro
O outro em Bernado Soares
Um Retrato de Dorian Gray por Edgar Allan Poe
Morar na Casa Usher com Oscar Wilder
Queimar livros com Adous Huxley
E admirar um mundo novo por Ray Bradbury
Viver nos tempos da Laranja Mecânica com George Orwell
Consagrar a Revolução dos Bichos por Anthony Burgess
Lapidar a pedra e cavar a cova
Ver o Por do sol com Lydia Fagundes Telles
Ser emparedado e ouvir o miado do gato preto
Ser eu e tantos outros
Fazer de mim o que não fui
E ser fragmentos de outras vidas.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Relato



“Por que publicar o que não presta? Por que o que presta também não presta. Além do mais, o que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto do modo carinhoso do inacabado, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.” (Clarice Lispector – A Legião Estrangeira)


Olá Senhor Camargo, sinto lhe informar por viés de escolha este seguinte texto. Desculpe a formalidade e a maneira ao qual irei desencadear o seguinte assunto referente a nós dois. Escolho me expressar por essa maneira, pondo neste papel todos os meus sentimentos. À medida que irei conduzindo o assunto, espero que fique claro tanto pra mim, que sou o emissor, quanto pra você, ao qual será o receptor. Desejo no fundo de nossas almas, o que tenho a lhe dizer são apenas meros sentimentos humanos e insatisfações emocionais que estamos sujeito a ser submetidos, na estrada de nossas vidas. Espero que em nenhum momento sinta-se ofendido, ou algo do gênero.  Apenas o que tenho a dizer, era o que não teria coragem de falar de coração aberto, olhos nos olhos. Mas sinto-me lhe informar que sou homem o bastante de olhar nos seus olhos e dizer, ou tentar dizer, o que lhes vou dizer daqui em diante. Para isso, na ausência de tentar me expressar em gestos, utilizarei de metáforas, de referências e de conhecimento de mundo.  Você deve achar neste momento que estou enrolando em falar no assunto. Isto é fato, tenha certeza disso, mas não irei demorar. Há um preparo, meio como um ritual sagrado. As palavras serão lapidadas em nossas mentes, se organizarão e depois serão soltas como pássaros, sem medo de cair.  Seguirá seu rumo, tendo como objetivo a meta alcançada.  Tanto pra mim, quanto pra ti.
Escrevo este texto com objetivo artístico literário. Isto é, posso revelar essas singelas palavras para outras pessoas. Diria, digamos, que eu esteja escrevendo um conto, posso brincar de ser narrador. Posso fazer com que as pessoas que lerem, achem que você seja mera fantasia. E que todas estas palavras sejam apenas um ensaio sobre o que lhes vou dizer. É óbvio que você saberia a total verdade, pois receberá de minhas mãos este texto. Você pode até provar que é real, e não apenas um personagem fictício do universo do narrador. E para ajudar, posso até dizer que escrevendo sobre o que lhes vou dizer, torna-me cada vez mais um caso desnecessário. Isso me obriga a me posicionar e controlar cada palavra. Muita gente deve está pensando agora, mas afinal é real ou fictício, o Sr. Camargo? Se os meus amigos mais íntimos lessem, eles diriam que é real. E eu vós digo, contrapondo: o nome até pode ser, mas podem também ser apenas meras coincidências. O que não impediria. E os que não me conhecem, poderiam dizer que você é fictício. Isto é, não deixaria levar e cair na brincadeira do narrador. Os mais acadêmicos pesquisariam. Chegariam a três conclusões: a primeira, você, Sr. Camargo, é fictício, pois tendo como referência a outros estudos literários, por exemplo, a obra do escritor Machado de Assis, no seu romance, Dom Casmurro, o narrador coloca-se como primeira pessoa, o que não levaria a nenhuma conclusão se Capitu traiu ou não bentinho. Olha que coincidência. Utilizo a primeira pessoa também. A segunda, você, Sr. Camargo, é real, pois investigando sobre a vida do autor, teríamos relatos de que muitas das artimanhas produzidas pelo escritor, poeta, cantor ou compositor, podem refletir a vida do artista. O que posso usar como exemplo são os contos do escritor, Caio Fernando Abreu. E a terceira, você, Sr. Camargo, ficaria no meio termo, ou seja, não daria para concluir nada a seu respeito. O que levaria os críticos a pensarem que das três possibilidades, esta seria a melhor das conclusões. Agora, direcionando diretamente pra você senhor Camargo, o que posso lhes contar, ou o que você espera ler, são fatos, relatos da história de nós dois.
Tu és um homem de estatura média, olhares penetrantes, boa aparência, astuto e bom companheiro. Adora sair para apreciar espetáculos cênicos, performances e danças. É educador, pedagogo. E tem uma criação de galinhas. Sistemático, gosta que as coisas sejam bem programadas e planejadas com um bom tempo de antecedência. Mas não conheço nada mais além do seu universo, somos simples amigos que estamos nos conhecendo ainda. Tenho o tempo de se aventurar em seu mundo, e como narrador deste relato que ainda tenho a lhes dizer, posso criá-lo, ou recriá-lo. Não penses tu, que irei deixar de descrever o que tenho a lhes dizer, faço este texto, em especial pra ti. No pouco tempo que nos conhecemos, você despertou muita inspiração. E não penses tu que as inspirações são boas, digo no sentido de que as formam. Muitos casos, elas vêem sempre nos instantes de tédio, desprezo, descontentamento e falta de afeto. Será este o seu caso, como de tantos outros. Mas receio lhe informar, que dessa vez há um que de diferente, algo novo que torna-se distintos dos outros relatos. A situação está esclarecida. Digo a você, que sobre o meu seguinte relato, muitas das frases pensadas, prontas para serem depositadas e lidas, se perderam nos meus pensamentos. Pensar em ti, e na seqüencia falar contigo, fez meus pensamentos fic arem sol tos. Fluírem melhor, e sintonizar novas idéias.
O relato de minha vida, ou de nossas vidas, é isso que tenho a lhes dizer. O ritual já está por terminar. As idéias já estão se concretizando. E o narrador já não encontra outro caminho de fuga. Peço a vossa excelência que fique atento em ler os seguintes relatos. Esta é a história de um homem, cuja plenitude contará os relatos de nós dois. Pra você, Sr. Camargo, isso torna-se uma ficção. Como eu estou pensando agora. O narrador encontra-se confuso entre real e fictício. E com sua confusão e poder de persuadir, leva os leitores a se confundirem também.  Mas este não é o seu objetivo, e sim relatar o que tenho a lhes dizer.  Os fatos são simples, o que complica é as escolhas de palavras e a construção da idéia, mas prepare-se, pois o que direi, refere-se a nós dois. Poderia começar a relatar, de como estamos nesse momento, ou como estávamos à duas semanas atrás, assim como também como tudo começou. Seria necessário antes uma sucinta descrição sobre nós. Á você, já tive o que relatar. Agora resta à mim. E este é o momento mais delicado. Pois o narrador pode tornar-se claro diante o leitor. E isto revelaria a sua natureza. O que mostraria se é a mesma do escritor ao qual está escrevendo este texto.
Digo-lhe Sr. Camargo, fragmentos de mim, relatos da minha vida, quando esta passou a interagir com a tua. Embora antes, peço permissão a descrever-me brevemente, revelando assim a cara do narrador. Sou branco, estatura média, gordo, afeminado e careca, adoro rock, MPB e eletrônica. E o narrador encontrando uma fuga, poderia descrever da mesma forma que era moreno, alto, magro de cabeços cacheados, adora sertanejo de raiz, samba, MPB, Rock e sair para apreciar espetáculos cênicos, o que levará, evidentemente uma maior chance do leitor acreditar, pois assim haveria interesses mútuos. E como dirijo este relato a ti, evidentemente você saberia como sou. Mas o que ainda não sabes, é como penso.  E como tenho que lhes dizer o assunto referente a nós dois, e que meio provável, isto  seja a primeira coisa a ler a respeito de mim, ajudaria você a ter uma melhor idéia de como compartilho esse mesmo universo. O que vou dizer, tem como começo, o instante que trocamos olhares pela primeira vez. Mas para falar disso, gostaria que tu soubesses o que desencadeou até chegar nesse exato ponto. Como podes lembrar, era noite de sábado, meados do mês de setembro.
O dia amanheceu ensolarado. Sem propósito para este dia, estava em casa como de costume, nos sábados que folgava no trabalho. Pensava em sair à noite. Durante a tarde fui convidado a participar de um evento educacional em comemoração a Paulo Freire, uma ONG ao qual minha irmã fazia parte e era a presidente, convidou-me para ir com ela. Esta ONG trabalha com projetos voltados a educação de jovens e adulto e meio ambiente. No fim do evento, liguei para uma amiga e perguntei a ela se iria no espetáculo de teatro de um conhecido nosso. Como ficou muito encima da hora, tanto pra mim que acabei saindo tarde do evento e para ela que esperava a confirmação de alguém pra não ir sozinha, acabamos improvisando um outro encontro. Ela teria algo a me dizer, e eu também. E como imaginava o assunto, escolhi o lugar mais almodoviano para este encontro. Praça do Arouche. E foi por horários avançados que nossa historia começa a ganhar forma. Estávamos esperando um amigo no tardar das horas, e resolvermos dar uma volta pela praça à procura de um barzinho legal que tocasse MPB. Caminhávamos pela rua, olhos me olhavam, pontes construíram durante o percurso. Sentia-me a vontade pela escolha do ambiente, e pelo momentos que estava passando. Caberia para isso outra história, e convidaria você para ler meus outros textos. Se afinal não sabes de mim, o que escrevo são meros fragmentos de minha vida. Você faz parte dela. Não são histórias grandes mais momentos grandiosos que tenho guardado como registro. E por fim, passamos diante um bar, que por inexplicáveis razões, meus olhos voltaram-se aos seus. A sensação que tive, foi que todas aquelas pessoas, sentadas em suas cadeiras, por momentos de epifania, ficaram em preto e brando, e você o único colorido naquele ambiente. Mas eu e minha amiga, Karla, cruzamos o bar, não lembro-me que música tocava, mas obviamente não nos agradou. Chegamos ao bar do lado, e último da esquina, e infelizmente não encontramos um que tocasse “boa música”.  Resolvi falar com Karla em voltarmos no bar anterior, pois meu interesse por ti aumentava cada vez mais. E por fim, começa a nossa breve história. Sentamos numa mesa na área de fora, de tal forma que eu ficasse posicionado de frente a você. Não tive dificuldade de comunicá-lo, pois já o via olhando pra mim. E seus olhos propagaram como palavras em seu interesse por minha pessoa. Assim como meu sorriso por ti, que fluíram como prosas. Aqueles instantes foram tão adoráveis e agradáveis, que sentia-me preso ao seu olhar.  Isso me enriqueceu e me elevou a um alto desejo. Desde o inicio mês de agosto não via possibilidades de me envolver com alguém, estava entediado com problemas repetidos e mal superados. E o que tenho a lhes dizer, por obséquio, não é necessariamente a história de nós dois, mas a respeito de nós dois. E diria que o ritual já está terminado, já estou preparado em vós dizer, o que quero lhe comunicar. Esta é a história de um homem sincero, honesto e ávido. São relatos de uma prisão que carrego comigo, não consigo tirar as algemas. Estou excessivamente preso a minha emoção, aos meus desalentos e desencantos. Nos intervalos de emoção, me elevo ao mais profundo abismo. Ódio de ser o que sou, de querer  ter o que não posso, de conseguir o que não está no meu alcance. Sinto-me metamorfoseado num monstruoso inseto, como Gregor Samsa se tornou. Preso a sua vontade e classe. Mas o que lhes vou revelar, são apenas meros rebuliços de meus sentimentos promíscuos. Sinto-me lhe informar que desejo de você apenas sinceridade, e companheirismo. Que seja claro e objetivo no que queres, no que procuras e no que desejas. Acima de tudo procuro uma boa amizade, um bom amigo para ouvir sobre meus desânimos. Não quero que me julgue, e compare com os outros, quero somente ser o que sou, um menino frágio, gentil e ousado. Sentimental e que se apega facilmente a quem desperta seu interesse. Tu deves estar pensando que sou mimado, egocentrico e complicado. Pode até ser que seja, mas ser considerado como segunda opção, nunca. Tratado como mais ou menos, um conhecido da esquina, um moleque qualquer de boa aparência, não é isso que desejo. Tenho meu universo e gosto de compartilhar. A você já não limito saber nada.
O narrador encontrou-se num barril sem fundo. Revelou suas inquietações, e sua identidade. Mas é fato que seus pensamentos ainda estão confusos. Ele mergulhou em relatos vividos. Trouxe experiências, mas privou a falar somente daquele dia em especial. Não sabemos o que ocorreria anteriormente e o que levou a estar naquele ambiente. E este narrador, que é o mesmo que agora escreve em terceira pessoa, tens muito a lhes dizer. Digo, a você Senhor Camargo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Rosto


somos

Somos uni-multiplos neste universo. 
O tempo que passa, 
a dor que sente, 
o olhar que pisca. 
A arte que revela,
a morte que prossegue,
e a vida que se constrói. 
Somos a música cantada,
o poema falado,
e o corpo que dança. 
Em união somos a natureza que transforma, 
a razão que se perde
e a emoção que renova. 
Somos sentimentos alegres, 
descontentes e referentes. 
Revivemos a cada dia,
morremos a cada instante.
Tempo prega,
tempo passa, 
tempo muda.
Tempo,
tempo
e tempo.
Suspiro longo,
lento 
e lerdo.
Saudade de ser criança, 
para criar,
gritar 
e chorar.
Saudades de memórias póstumas que vão além dos sonhos.
Acordar e perceber que o tempo continua a passar,
e que em um instante qualquer, não mais existirá.
Enfim, somos vida e morte.