Ó Capitão! Meu Capitão! (Ó Captain! My Captain!)
Walt Whitman
Ó capitão! Meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as tormentas, o prêmio que
buscávamos está ganho,
O porto está próximo, ouço os sinos, toda a gente está
exultante,
Enquanto segue com os olhos a firme quilha, o ameaçador e
temerário navio;
Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e sangrentas,
Onde no convés o meu capitão jaz,
Tombado, frio e morto.
Ó capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te – a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas –
para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas, agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua cabeça!
Não passa de um sonho que, no convés,
Tenhas tombado frio e morto.
O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e imóveis,
O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem vontade,
O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está concluída,
O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objetivo ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no convés onde jaz o meu capitão,
Tombado, frio e morto"
(Tradução de Maria de Lurdes Guimarães)
(nota: ao Jair, grande professor de história!)
Exponho nestas páginas pequenos fragmentos. Experiências com o tempo, com o mundo e acima de tudo com a humanidade. Falo da vida como parte integrantes de outros que falaram. Exponho fragmentos desses seres. Diálogo entre eles. Eles dialogam entre si. "Ando pelo mundo prestando atenção em cores que não sei o nome, Cores de Àlmodovar, Cores de Frida Kahlo, Cores..."
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Morte dos Girassóis
Gostaria
de escrever um poema;
Um
poema que fosse repleto de poesia;
Poderia
começar a dizer que vivo em moema;
E
para rimar viveria em maresia.
Mas
assim a rima fica fácil;
É
que na verdade moro no grajaú;
Como
preciso ser ágil;
Diria
que guardo um baú.
Nele
encontra todo o mistério;
Minha
vida,
Meus
amigos,
Minhas
músicas,
E
meus familiares.
Esse
baú poderia ser como a caixa de pandora;
Quando
abro saem todas as lembranças;
Não
os males do mundo,
Terremotos,
erupções e chuvas,
Mas
saudades, amores e girassóis.
Gostaria
de fazer uma poesia que falasse dos girassóis
Das
margaridas,
Das
orquídeas,
Das
rosas.
E
isso só quando penso em girassóis;
Caso
contrário faria uma poesia sobre a morte,
A
violência,
O
preconceito,
E
a intolerância.
Muitos
diriam que não seria uma poesia;
Se
falasse da violência que gera o preconceito;
Que
cria a intolerância;
E
que leva até a morte.
Na
semana passada, por exemplo, João Paulo foi morto a vinte e três facadas,
Dois
tiros na cabeça,
E
os órgãos arrancados;
Encontrado
num terreno baldio.
No
último pôr do Sol deslumbrante, João Paulo encontrado no terreno de girassóis,
Manchados
de pigmentos vermelhos,
Perfurados
por várias regiões do corpo,
Foi
levado ao ML.
Joao
Paulo morreu repleto de poesia,
Suas
imagens foram divulgadas no D’Atena,
Depoimentos
dos familiares que reconheceram seu corpo foram arquivados,
Trabalhador,
pai de família, deixou uma criança de sete meses e uma de quatro anos.
Os
girassóis nunca mais nasceram,
O
Sol não amanheceu,
É
tempo de lutos.
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